ADIR FIUZA DE CASTRO

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Nome: CASTRO, Fiúza de (1)
Nome Completo: ADIR FIUZA DE CASTRO

Tipo: BIOGRAFICO


Texto Completo:
CASTRO, FIÚZA DE (1)

CASTRO, Fiúza de

*militar; ch. CODI 1972-1973; comte.-ger. PMRJ 1974-1975.

 

Adir Fiúza de Castro nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 25 de outubro de 1920, filho do general Álvaro Fiúza de Castro e de Haidéia Viana Fiúza de Castro. Seu pai, também militar, foi chefe da Diretoria de Material Bélico do Exército em 1943, chefe do Departamento Técnico e de Produção do Exército de 1946 a 1948 e chefe do Estado-Maior do Exército (EME) de 1948 a 1955.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, sentando praça em maio de 1938. Em dezembro de 1941 foi declarado aspirante-a-oficial da arma de artilharia, sendo promovido a segundo-tenente em agosto de 1941 e a primeiro-tenente em outubro do ano seguinte. Atingiu a patente de capitão em junho de 1945, na qual permaneceu até junho de 1952 quando foi promovido a major. Em abril de 1961 passou a tenente-coronel. Quando da eclosão do movimento político-militar de 31 de março de 1964 que depôs o presidente João Goulart (1961-1964), servia no Estado-Maior do Exército, na Subseção de História da 5ª Seção. Chegou à patente de coronel em agosto de 1965.

Chefiou a Divisão de Informações (D2) do gabinete do ministro da Guerra, general Aurélio de Lira Tavares, entre 1967 e 1969. No exercício dessas funções foi um dos criadores do Centro de Informação do Exército (CIE). Membro da Comissão de Investigação Sumária do Exército encarregada da aplicação do Ato Institucional nº 5 (13/12/1968), foi secretário do general Sílvio Frota quando este substituiu interinamente o general Siseno Sarmento até a posse do novo titular no comando do I Exército, entre abril e setembro de 1971.

Chefiou o Centro de Operações de Defesa Interna (CODI) nos anos de 1972 e 1973, quando o general Sílvio Frota comandava o I Exército (1972-1974). O CODI foi o principal centro de repressão política, então intensamente aplicada aos opositores do regime. Assumiu o Comando Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, então estado da Guanabara, em janeiro de 1974, substituindo o general Osvaldo Frederico de Carvalho. Em março desse ano foi promovido a general-de-brigada e, em abril de 1975, assumiu o Comando da 6ª Região Militar (6ª RM), sediada em Salvador, em substituição ao general Osvaldo Inácio Domingues, que passou à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

Durante seu período de comando foram presas pessoas ligadas ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) da Bahia, à Universidade Federal daquele estado, a diversos órgãos de classe e ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). As prisões tiveram início em 4 de agosto de 1975 e atingiram mais de trinta pessoas, em conseqüência de investigações que partiram da descoberta de gráficas comunistas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Em dezembro de 1977, Fiúza de Castro foi exonerado do Comando da 6ª RM e designado para a Diretoria de Institutos e Pensionistas do Exército (DIP), tendo sido substituído pelo general Otávio Costa. Segundo o Jornal do Brasil de 28 de janeiro de 1978, por ocasião da transmissão do cargo em Salvador, Fiúza de Castro negou-se a revelar se divergia dos generais que manifestaram apoio à candidatura do general João Batista Figueiredo à presidência da República. Segundo a mesma fonte, recusou-se a fazer comentários sobre sucessão presidencial ou sobre política de modo geral. Preferia falar sobre o problema do comunismo, considerando que ele é uma contingência social e que “a humanidade democrática tem que se acostumar a viver com ele a vida inteira, pois nunca acaba. Tem que ser contido”.

O cargo de diretor da DIP foi transmitido pelo general-de-brigada Haroldo Tavares Alves ao coronel Cícero Rosa Prestes, chefe do gabinete da DIP, no dia 26 de janeiro de 1978, que o assumiu interinamente devido à ausência do general Fiúza de Castro, que se justificou alegando, segundo o Jornal do Brasil do dia 27 daquele mês, estar “preparando seu deslocamento para Brasília com a família”. Segundo o Jornal do Brasil de 7 de março de 1978, em entrevista concedida por ocasião de sua posse no dia anterior, Fiúza de Castro negou que houvesse recusado assumir a referida diretoria. Afirmou, porém, que preferia exercer o comando de tropas a ocupar um cargo burocrático, como o que se encontrava sob sua direção.

Segundo a edição do Jornal do Brasil de 26 de janeiro de 1978 Fiúza de Castro foi o único oficial da ativa presente ao coquetel em homenagem ao general Sílvio Frota, logo depois de sua exoneração do Ministério do Exército por incompatibilidades com a política desenvolvida pelo presidente Ernesto Geisel. Considerado um militar de “linha dura”, declarou à edição do dia seguinte do mesmo jornal não entender “como uma provocação” sua presença na referida homenagem, de vez que estava no Rio de Janeiro e fora convidado. Entretanto, na edição de 7 de março, negou ao Jornal do Brasil tal participação declarando “que não passaram de especulações de jornalistas as notícias envolvendo meu nome...”

Transferido para a reserva no dia 4 de abril de 1978, a pedido, justificou-se, segundo a edição do Jornal do Brasil do dia seguinte, alegando que a sua permanência no Exército seria, para ele, “insuportável, desde que, pelo menos seis generais do Alto Comando”, o julgaram com deméritos para a promoção a general-de-divisão.

No dia 6 de abril do mesmo ano declarava, através do Jornal do Brasil: “Não sou liberal. Considero que o liberalismo é mais nocivo que o comunismo, porque permite a derrocada de todos os governos.”

Quanto às denúncias de torturas que lhe foram feitas, declarou a esse mesmo jornal, segundo sua edição de 14 de outubro de 1978: “Não quero tocar nisso, mas deve estar na minha biografia porque eu sou muito acusado de instrumento torturador e outras coisas semelhantes pelo pessoal mais da esquerda (...) as biografias se escrevem, cada uma à sua maneira.”

Após deixar o serviço ativo do Exército, não se dedicou a nenhuma atividade profissional.

Um depoimento prestado em 1993 pelo biografado ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), da Fundação Getulio Vargas veio a integrar a trilogia organizada pelos pesquisadores Maria Celina D’Araújo, Gláucio Ari Dillon Soares e Celso Castro e lançada em 1994-1995, composta pelos livros Visões do golpe — a memória militar sobre 1964, Os anos de chumbo — a memória militar sobre a repressão e A volta aos quartéis — a memória militar sobre a abertura.

Em julho de 2000 residia no Rio de Janeiro.

Casou-se com Maria Helena Fiúza de Castro, com quem teve três filhos.

 

FONTES: ARAÚJO, M. Visões; Correio do Povo (9 e 12/7/75); Estado de S. Paulo (11/2/81); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (27/12/73; 23/4/75; 6/4, 26 e 27/1 e 14/10/78); LAGO, L. Estado-Maior; Tarde (26/8/75).

 

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