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Rennan Setti
No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.
‘Make Bitcoin Great Again’: por que um recém-convertido Trump inflou o mercado cripto em R$ 1,2 trilhão em 24 horas
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RESUMO
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GERADO EM: 06/11/2024 - 12:45
Trump impulsiona mercado cripto com mudança de postura
Donald Trump, após mudança de postura em relação ao Bitcoin, impulsiona mercado cripto em R$ 1,2 trilhão. Promessas de apoio à indústria e conexões financeiras revelam seu interesse. A promessa de tornar os EUA uma "Superpotência do bitcoin" e a liberação de Ross Ulbricht são parte da estratégia. A influência da comunidade cripto em suas ações e o impacto econômico dessas decisões permanecem em questão.
Pouco tempo atrás, Donald Trump classificava o bitcoin de “fraude contra o dólar” e “um desastre prestes a estourar”. Sua vitória sobre Kamala Harris na disputa pela Casa Branca, porém, acaba de elevar a moeda virtual à cifra recorde de US$ 75 mil e proporcionar um salto de R$ 1,2 trilhão no valor de todas as criptomoedas em circulação no intervalo de apenas 24 horas, segundo dados da plataforma CoinMarketCap.
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O entusiasmo dos aficionados por criptomoedas em relação a Trump se baseia nas promessas que o republicano tem feito desde sua recente — e interessada — conversão ao setor. Despido do ceticismo que sempre manifestou sobre o universo cripto, o bilionário vem dizendo tudo o que essa comunidade — majoritariamente masculina, jovem, branca e alérgica ao Estado — sempre quis ouvir.
‘Não sabia que ele era tão impopular’
Em julho, na conferência Bitcoin 2024 realizada em Nashville, Trump disse que transformaria os EUA em uma “Superpotência do bitcoin” e poria fim ao que chamou de “cruzada anti-cripto” supostamente implementada pelo governo de Joe Biden. Foi além, para deleite do público: no primeiro dia de governo, demitiria o presidente da SEC (Securities and Exchange Commission, que regula o mercado de capitais no país), Gary Gensler — considerado o inimigo número 1 dessa indústria por sua defesa da regulação do setor.
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A euforia da plateia com esse anúncio surpreendeu o próprio Trump, que brincou dizendo que “não sabia que ele era tão impopular” e fez questão de repetir a promessa em busca de mais aplausos.
Trump também vem prometendo libertar Ross Ulbricht, fundador da Silk Road — espécie de boca de fumo virtual na “deep Web”, onde todo tipo de substância era vendida, frequentemente por meio de transações com criptomoedas — que cumpre sentença de prisão perpétua há quase uma década.
Em um programa de governo particularmente vago, já havia chamado a atenção da imprensa americana o quão detalhada é a plataforma do Partido Republicano para o universo cripto. Segundo reportagem recente da revista New Yorker, o programa fala em “defender o direito de se ‘minerar’ bitcoin” e se opõe à criação de uma moeda digital oficial do Banco Central americano, movimento que ameaçaria os negócios de bilionários desse setor.
Bilionários no bolso
Esse giro de 180 graus na visão de Trump sobre bitcoins e afins ocorreu apenas este ano, já durante a campanha, e está intrinsecamente ligado a seus interesses políticos e até financeiros. Primeiro, o republicano percebeu o poder de fogo dos doadores da indústria de criptomoedas. Há cinco meses, o WSJ calculava que bilionários do setor já haviam levantado US$ 170 milhões em doações para gastar na corrida eleitoral.
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Um dos principais arrecadadores da campanha de Trump (e vice-presidente de seu comitê de transição) é Howard Lutnick, CEO do conglomerado financeiro Cantor Fitzgerald e velho amigo do presidente-eleito. O executivo foi caracterizado pelo Wall Street Journal como “maior líder de torcida do setor cripto em Wall Street”.
Outro exemplo: cada um dos gêmeos Winklevoss — que acusaram Mark Zuckerberg, ex-colega da dupla em Harvard, de roubar deles a ideia para o Facebook — doou US$ 1 milhão em bitcoins para a campanha de Trump. Os irmãos são fundadores da corretora de criptomoedas Gemini.
Os negócios de Trump também foram permeados pela influência cripto. Desde 2022, o republicano vendeu a seus apoiadores quatro coleções de NFTs, figurinhas digitais registradas com a tecnologia por trás das criptomoedas.
Este ano, Trump foi além e lançou a World Liberty Financial, cujo propósito ainda é obscuro, mas que, nas palavras da companhia, pretende “fazer o setor cripto e a América grandes ao estimular a adoção em massa de ‘stablecoins’ (um tipo de criptomoeda) e de finanças descentralizadas”.
Com Trump a caminho da Casa Branca, resta saber (mais uma vez, diga-se…) como sua própria fortuna será afetada por suas promessas e se de fato elas estão de pé — com os prós e contras que o apoio irrestrito a uma tecnologia inovadora, mas marcada por fraudes multibilionárias, pode representar para a maior economia do planeta.
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